A Ergonomia destaca o descompasso existente entre a tarefa (trabalho prescrito) e o que é de fato realizado (trabalho real), isto é, a atividade de trabalho.
A defasagem entre o trabalho real e o
trabalho prescrito tem sido objeto de interesse de diversos autores que pensam
o campo do trabalho, em especial o da Ergonomia da Atividade (DANIELLOU, 2004;
WISNER, 1994; CLOT, 2006).
O trabalho prescrito inclui dois
componentes básicos: as condições determinadas de uma situação de trabalho (as
características do dispositivo técnico, o ambiente físico, a matéria-prima
utilizada, as condições socioeconômicas, etc.) e as prescrições (normas,
ordens, procedimentos, resultados a serem obtidos, etc.) (TELLES; ALVAREZ,
2004).
O entendimento de trabalho prescrito,
como tarefa, toma corpo e desenvolve-se com o advento do Taylorismo, no final
do século XIX.
A abordagem da administração científica
buscou prescrever tempos, regras e movimentos, visando a ditar modos
operatórios (LAVILLE, TEIGER, DANIELLOU, 1989).
O entendimento de tarefa é muito variado, bem como a ênfase em distintos aspectos: comportamentos esperados, objetivos visados, equipamentos, materiais e instrumentos disponibilizados, normas, rotinas, procedimentos e regulamentos, etc.
Mas, o entendimento de atividade ocupa lugar
central no escopo teórico da ergonomia francofônica (TEIGER, 1992; SCHWARTZ,
1992; TERSSAC, 1995).
Os ergonomistas francófonos
desenvolveram seus trabalhos com pouca ou nenhuma influência da abordagem
sistematizada dos ergonomistas anglo-saxônicos, ou seja, seus estudos não
tinham como objeto situações pré-concebidas ou hipotéticas.
Em meados do século XX, esta nova
abordagem da ergonomia surge na França como um serviço especializado dentro das
indústrias, realizando estudos de situações reais.
O desafio era conceber, adequadamente,
os novos postos de trabalho a partir da análise da situação existente (WISNER,
2004).
A atividade caracteriza-se por uma
dinâmica de regulação permanente do sujeito para tentar manter o equilíbrio com
sua situação e seu ambiente de trabalho, de modo a obter os resultados
esperados dentro das melhores condições possíveis (WEILL-FASSINA, 1990)
Há o caráter de imprevisibilidade da
atividade que requer, a cada instante, a inteligência criadora do trabalhador.
Em primeiro plano está o valor do
conhecimento e da habilidade dos trabalhadores como fator inesgotável para
garantir os imperativos empresariais de produtividade, eficiência e qualidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário