A qualidade do ar interior é determinada pelo nível de contaminação
existente no ambiente, principalmente devido à presença de gases e vapores
orgânicos e inorgânicos {compostos orgânicos voláteis (COV), ozônio, monóxido
de carbono, formaldeído, radônio, etc.}, aerossóis (pós, fibras, fumos, etc.) e
bioaerossóis (microorganismos e subprodutos).
A exposição a baixas concentrações das substâncias que se encontram
nestes ambientes, como por exemplo os contaminantes químicos, pode provocar
irritação, coceira, queimação, dor de cabeça, enjoos, fadiga, náusea), bem como
produzir efeitos prejudiciais à saúde a longo prazo.
Dentre os contaminantes químicos, os COV são de especial relevância,
já que entre 50 e 3000 COV podem estar presentes em ambientes internos não
industriais, sendo responsáveis, em grande parte, pelos odores e maus odores
notados pelos ocupantes e pela sensação de desconforto.
Os COV foram menos estudados que outros contaminantes e a associação
de suas concentrações em ambientes internos, com possíveis efeitos negativos
sobre a saúde humana, são ainda limitadas.
Os estudos realizados demonstram que grande parte dos COV presentes
habitualmente no ar interior são irritantes de membranas mucosas, olhos, pele e
parte deles são suspeitos ou comprovados cancerígenos, mutagênicos e ou tóxicos
para a reprodução.
Além disso, deve-se levar em consideração que baixas concentrações de
COV, as quais geram reações adversas em segmentos de população alvo (por
exemplo, asmáticos ou pessoas afetadas por sensibilidade química múltipla),
podem ser toleradas pela população geral.
Por outro lado, numerosos COV podem estimular sensações olfativas,
ocasionando doença e desconforto nos indivíduos.
Os odores podem afetar o estado de ânimo das pessoas e suscitar
efeitos psicológicos e fisiológicos no organismo.
A carga odorífera em um ambiente pode ser determinada através do
umbral de odor dos COV determinados quantitativamente.
O cociente entre a concentração de um composto concreto e seu umbral
de odor determinará as unidades de odor (UO), isto é, o número de vezes que
esse composto supera seu umbral de odor.
Adicionando todas as unidades de odor (valores de UO ≥1) daqueles
compostos químicos que dispõem de umbral publicado, obtém-se a carga odorífera
do ar interior.
O cálculo das unidades de odor é obtido aplicando a seguintes fórmula:
UO = Concentração do composto
Umbral de odor do
composto
Na prática tem que estar presente a variabilidade que existe na
percepção dos odores pelo público em geral para as diferentes substâncias
químicas, já que há pessoas que detectam o odor em baixas concentrações e
outras que não percebem até que as concentrações estejam muito acima dos
umbrais de odor estabelecidos.
Certos fatores podem gerar variabilidade na percepção olfativa:
diferente sensibilidade do aparato olfativo, estado de distração ou atenção,
habitualidade aos odores, doenças que interferem no olfato, variações na
temperatura e umidade do ar, existência de correntes de ar, idade, sexo.
Além disso, o umbral olfativo de um composto também é determinado em
parte pela forma do composto, polaridade, carga parcial, peso molecular.
Composto Químico |
Umbral de odor (μg/m³) |
Descrição do odor |
Ácido Acético |
43 |
Vinagre, azedo, pungente |
Ácido Butanoico |
0,35 - 86 |
Rançoso, pungente |
Ácido Pentanoico |
8 - 12000 |
Doce |
Formaldeído |
490 |
Picante, penetrante |
Acetaldeído |
0,01 – 4 |
Fruta, maçã |
Butiraldeído |
15 |
Rançoso |
Pentanal |
2,5 – 34 |
Fruta, maçã |
Butanona |
870 |
Maçã verde, etéreo |
Butirato de Etila |
0,017 |
Fruta, abacaxi, etéreo |
Umbrais de odor e características de alguns COV
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